terça-feira, 30 de outubro de 2007

Rel. Homem/Natureza parte 4 -by T. Volpon

No nosso ultimo post argumentamos que nossa ascendência sobre outras espécies, um acidente da evolução devido ao nosso hipertrofiado cérebro, naturalmente nos levou a tratar outros animais e a tudo na natureza como objetos de nossos usos e prazeres. Infelizmente estendemos esse mesmo comportamento a outros seres humanos. Perguntamos que se de certa forma no nosso passado isso não surpreende, o que surpreende é que isso continua até hoje, quando não há restrição tecnológica para uma relação não destrutiva nem com outros animais nem com a natureza. Em resumo: por que o ser humano persiste em sua maldade?

Uma possível explicação, de cunho conservador, é que a maldade é inerente ou ser humano. Temos o “pecado original” que nos condena a viver em um reino de trevas até a redenção final.

Uma versão mais crível vem da psicanálise, se não exatamente Freud. Frente a angustia e terror da nossa inevitável morte pessoal, ergamos nossos narcisistico egos como proteção e mecanismo de repressão. Essa fantasia chamado ego, aquela mesma que igualamos ao Deus supremo que nos ama, gera, pela sua suprema natureza, toda a licença para destruir e explorar o outro, seja ele outro animal ou ser humano.

Essa “explicação” da maldade humana, um mix de Freud, Lacan e Heidegger, parecem nos deixar pouca esperança para o futuro. Eu a apresento por que, em grande parte, acredito que ela de fato é crível: ela explica os aparentemente contraditórios fatos que, nos dia de hoje, o homem ainda se apega à religião e Deus e ao mesmo tempo cometem todo tipo de maldades, algumas condenadas por essas mesmas religiões.

Então infelizmente o animal que tem linguagem, e porem a habilidade de pensar temporalmente, vê no seu futuro sua inaceitável morte e cria, para fugir disso, um jeito de ser que o condena a viver que, para muitos humanos e todos os animais, mas se assemelha a um inferno. Como alguém já chegou a indagar: seria a Terra o inferno de outro lugar?

Há saída disso ou estamos realmente condenados? Vou sugerir, no próximo post, via o que não funciona, o que pode nos levar iniciar uma nova relação homem/natureza que, como já devemos ter nos convencido, é condição necessária para uma nova relação humano/humano.

Tony Volpon

Um comentário:

Paula Quod Me Nutrit Me Destruit disse...

Este post é para refletir absurdamente...muito bom mesmo!!!